Não tinha aprendido, até essa tarde, que é preciso chorar pra
ser forte,
Atravessou todas as horas de suas dores transformando-se em
rocha,
Apenas a chuva podia molhar as suas amarguras,
Pobre moça! Viu o mundo passando, os dias partindo
As estações correndo, e ela ali, parada, ressoando o que já não
estava mais a sua volta.
Quis ir, tantas vezes, até as distâncias, aonde só o vento vai,
e não pode!
Quis ir pro seu balançar, para o sol sem fim, e não teve coragem!
Mas, naquela tarde, a dor explodiu em sua mão, e sentada a
sombra da goiabeira, pois- se a chorar.
O coração, que sempre dissimulou ser duro, se embebeceu de
lágrimas e foi possível ver todas as cores que ainda guardava dos dias de
alegria e que rompem no sem fim, já não estavam no seu
caminho
E chorou...
Atirou-se ao precipício e jorraram lágrimas,
Para lavar o rosto, os olhos e os cílios que tantas vezes foram
acariciados, onde respirava os sonhos...
E soube também que de sonhos não se vive.
Mais uma vez chorou, solitária e silenciosamente, vendo lágrimas
talhando o chão.
Rodeada de lamúrias e silêncio, o lamento baixinho ecoava para o
mundo, fazia inundar a sua alma e ia encharcando todo o seu corpo, desfazendo suas
vestes, diluindo a rocha que mantinha ali.
Olhou-se, se viu despida, transparente como as lágrimas
escorrendo ao chão, virando lama e virando seiva, e descobriu, que ela mesma,
era o único caminho a seguir...
Nanda.