sábado, 9 de julho de 2016

Não há sequer uma palavra... Sequer uma forma de expurgar o que aqui dentro me revira e faz as noites calmas virarem tempestades.
Nunca um caminho foi tão largo, tão claro... Que de tanto sentir, me calo.
Por que pesa sobre minhas mãos esse sentir? Que somente ouso tocar  com os dedos do  silêncio. Por que elas não podem  fazer  jorrar tudo que aqui dentro escorre? Ser  como um rio caudaloso, lento, forte, que se acomoda nas  curvas dos barrancos e desce ao sem fim.  
Por que deita sobre o meu colo um gozar tão leve? que não consigo deleitar,  reverberar ensurdecedoramente , como assim fazem as cigarras nos seus cantos  nas auroras calorentas.
Caminho em um descompasso,  carrego labirintos, piso em medos... e calo.  Não jorro, não explodo. Tenho sido tocada pelo sabor acalentador do inesperado, tenho seus olhos como o cantar da dúvida, como leves canções que carregam os suspiros que gritam à minha alma.
E cravo silêncios enormes em mim... Não sei o que me falta ou o que me preenche tanto que nada  ressoa. Desconfio do seu sono profundo, ou da saudade...

Nanda

sexta-feira, 4 de março de 2016

sábado, 27 de fevereiro de 2016

Carnaval

Eu quis batuque, confete e serpentinas
mas você não quis no meu samba entrelaçar
e me deixou no meio da folia
como uma quarta-feira de cinzas
silenciosa
vazia
Carregando nos pés os  dias de alegria
quando fui a festa, a folia
em que seu corpo bailou, dançou
eu quis te fazer girar  na malemolência dos meus braços, pernas e suor
mas você quis outro enrredo,
e me deixou um gingar atordoado, cansado
de final de festa, corpo mole, que só deseja  parar
Quando, enfim, a festa acabar,
eu serei a ressaca que teu corpo pede, a saliva amarga da saudade
e serei sempre aquele batuque de carnaval preso  no seu olhar

Nanda