quarta-feira, 3 de julho de 2013

Ressaca

Ontem foi seu aniversário, e eu fui sambar. Deixei me levar na corda bamba do passo, ser um compasso para o meu corpo e meus desejos.

 Agora, ao abrir os olhos, e ainda sentir o amargo gosto da cerveja na saliva, e com os pés pequenos doídos de batucar, lembro que por um dia eu te esqueci. Reviro-me neste lençol  branco, procurando suas pernas quentes nas minhas e vejo que as deixei ir  por um caminho sem volta.

A chuva fina, que entra pela janela, acorda sentimentos cheios de tormentas que minha cabeça insiste em querer ter. Ontem, no seu aniversário fez sol, não tive tormentas no meu calcanhar, nem pensei por onde você deveria estar, se sentado sob o sol que reluzia sua luz, ou a compor o infinito sobre as ondas do mar.

Eu sambei!  E a madrugada cantava canções de amor, sambei ao meu esquecimento, à inquietude do meu coração, que como dizia o velho samba:
 “ vai sofrer de amor até morrer”. E no meu chinelo arrastando no chão, repousava a minha saudade.



Ontem foi seu aniversário. Não te catei nos fragmentos do passado, não escrevi poemas, nem explodi o mundo com minhas dores. Ontem, no seu aniversário, ao invés de chorar, eu fui sambar.

Nanda

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