segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

O tal sonho


Partiu
Lançou-se
Foi dar pulos ao fundo do vento
Jogou-se nas pedras do tempo
E agora anda no brincar do balanço que ainda
Carrega em seus dias, nos seus vaivéns.
Tem o cheiro do pôr do sol frio em suas mãos
E tem buscado caminhar levemente pelo cinza da cidade
O tal sonho da menina rio, da menina da beira do rio, era somente existir além dos quadrados.
A menina miúda, de cachos soltos,  tinha o tal sonho nas palavras que nascia enquanto via o mundo da sua janela , e ele era enorme!!!!
Da janela caía as mais belas chuvas, e no seu canto preferido nas tardes chuvosas, ter os pés e mãos na chuva, era ser, mesmo que passageira o tal sonho.
Mas a roda girou, quebrou, e na janela já não cabia o mundo.
O sopro do desejo varreu tudo, sem palpitar, sem parar para respirar.
 E nem o colo do amor conseguiu, por entre suas pernas, guardar olhos já tão distantes.
Dai o tal sonho, da menina que via o mundo pela janela,
Resolveu ser ele mesmo o mundo e sem pestanejar
Lançou-se... E anda solto por ai...

Nanda.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Sobre Roupas e Arco-íris



Como de costume, sentávamos nas tardes quentes na nossa varanda, onde o vento seco corria e entre os afazeres dela conversávamos sobre o dia-a-dia, sobre a vida que cruzava nas calçadas alheias.

Nos olhos, reluzia o brilho das grandes mangueiras já amareladas do sol, que vez e outra lançavam ao chão uma manga madura e o seu barulho interrompia a conversa.

Ela, sensível e delicada, neste dia meteu-se a lavar as roupas da casa, com tamanha sutileza que eu reparava mais nos gestos das mãos, na forma de tocar as roupas, do que na conversa, e aqueles gestos tão doces me remetia aos tempos de criança quando ela penteava meus cabelos.

O barulho da água tocava aos ouvidos como uma deliciosa música e só era retirado quando lentamente ressoava as suas palavras. Neste ir e vir de palavras e águas aos poucos nosso quintal era invadido por roupas.

A tarde vai caindo, roupas lavadas, quintal molhado, varal de azul, amarelo, verde e vermelho, outro cenário se formava em meio às plantas.

Ao acabar, aquela mulher de cor tão alva e que leva no seu caminhado charme, delicadeza e tranquilidade, tem no seu olhar um brilho de cansaço e satisfação que a reluz mais ainda, era como se estivesse pronta para uma festa. Toda molhada, por entre as roupas que gotejavam, pacientemente  e inesperadamente minha mãe solta uma pergunta:

- Sabe por que gosto de lavar roupas?
Respondo:
- Não! E não gosto de lavar roupas cansa muito
E na doçura da sua voz ouço:
- Por que o quintal fica todo colorido, vira um arco-íris!

Não respondo... me deixo ser tomada pelo arco-íris que minha mãe pinta cotidianamente com nossas roupas. 

Nanda
Para minha mãe