Não há sequer uma palavra... Sequer uma forma de expurgar o
que aqui dentro me revira e faz as noites calmas virarem tempestades.
Nunca um caminho foi tão largo, tão claro... Que de tanto
sentir, me calo.
Por que pesa sobre minhas mãos esse sentir? Que somente ouso
tocar com os dedos do silêncio. Por que elas não podem fazer
jorrar tudo que aqui dentro escorre? Ser como um rio caudaloso, lento, forte, que se acomoda
nas curvas dos barrancos e desce ao sem
fim.
Por que deita sobre o meu colo um gozar tão leve? que não consigo deleitar, reverberar ensurdecedoramente , como assim
fazem as cigarras nos seus cantos nas
auroras calorentas.
Caminho em um descompasso,
carrego labirintos, piso em medos... e calo. Não jorro, não explodo. Tenho sido tocada
pelo sabor acalentador do inesperado, tenho seus olhos como o cantar da dúvida,
como leves canções que carregam os suspiros que gritam à minha alma.
E cravo silêncios enormes em mim... Não sei o que me falta ou
o que me preenche tanto que nada ressoa.
Desconfio do seu sono profundo, ou da saudade...Nanda
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